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Republic Pictures (também conhecida como Republic Entertainment, Inc.) é atualmente um selo de aquisições de distribuições de filmes da Paramount Global. No passado foi uma empresa subsidiária e uma marca comercial estadunidense usada em distribuição de filmes independentes, programas de televisão e vídeo. Originariamente foi uma corporação de distribuição e produção de filmes, com equipamentos e instalações especializada em filmes B, principalmente faroestes e seriados. Lançou algumas produções mais ambiciosas, algumas que se tornaram historicamente relevantes tais como Macbeth de Orson Welles.[1]
A Republic Pictures foi fundada em 1935 por Herbert J. Yates, um experimentado investidor em cinema e espetáculos musicais, fundador e presidente da Consolidated Film Industries. A Republic foi o resultado da união de seis pequenos estúdios que ainda produziam filmes mudos (Eram conhecidos em inglês por Poverty Row).[2]
Nos piores momentos da Depressão dos anos de 1930, os laboratórios de Yates serviram a muitos desses pequenos estúdios. Em 1935 Yates viu a chance de liderar suas próprias produções de cinema. Seis companhias "poverty-row" (Monogram, Mascot, Liberty, Majestic, Chesterfield e Invincible) dependiam totalmente do laboratório de Yates. Yates propôs a seus clientes que se juntassem sob sua liderança (caso contrário, poderia executar suas faturas e levá-los à falência) e assim surgiu a nova companhia, Republic Pictures Corporation, baseada na ação colaborativa e direcionada para as produções de baixo orçamento.[2]
A maior das componentes da Republic, a Monogram Pictures, era conduzida por Trem Carr e W. Ray Johnston, especialistas em filmes "B" e que controlavam a sua distribuição nacionalmente. O melhor técnico era Nat Levine da Mascot Pictures Corporation, que havia produzido muitos seriados desde os anos de 1920 e possuía equipamentos de primeira classe que foram de Mack Sennett-Keystone e que se encontravam em Studio City. Mascot descobrira Gene Autry e o tinha sob contrato como astro "singing cowboy", ou caubói cantor. Larry Darmour da Majestic Pictures alugava cenários, o que dava a suas produções pobres um bom acabamento. A Republic tomou o logotipo do "Liberty Bell" da Liberty Films de M. H. Hoffman (que não deve ser confundida com a produtora de Frank Capra Liberty Films, que assinou a produção do filme It's a Wonderful Life (atualmente de propriedade da Republic))[3]. O sexteto era complementado pelas Chesterfield Pictures e Invincible Pictures, duas companhias irmãs sob controle comum, que faziam melodramas e mistérios de realização precária. A Republic começou então com uma equipe montada, com experiência em filmes B estreladas por atores coadjuvantes das grandes produções e artistas promissores, um completo sistema de distribuição e um estúdio em operação. Em troca dessa associação, foi prometida aos participantes a chance de realizarem filmes de maior orçamento.[4]
Depois de assumir aos poucos as rédeas da produção e da distribuição dos filmes, tomando o controle de seus parceiros, Yates começou a intervir cada vez mais no departamento de filmagens, o que provocou dissensão entre os sócios. Carr e Johnston deixaram a Republic e reativaram a Monogram Pictures; Darmour retomou as produções independentes da Columbia Pictures; Levine saiu e nunca se recuperou da perda de seu estúdio, sendo que seus atores contratados e equipe estavam agora todos ligados a Republic e Yates. Livre dos sócios, Yates tocou sozinho o estúdio.[2]
Republic adquiriu a Brunswick Records a fim de que a mesma gravasse em disco as canções de Gene Autry e Roy Rogers e contratou Cy Feuer como o chefe do departamento de música.[5]
Em seus primeiros anos a Republic manteve-se com o aspecto de mais uma "poverty row" e deu continuidade a produção de filmes B e seriados. A Republic, contudo, mostrava um interesse maior em seguir as produções dos grandes estúdios e possuía maior orçamento do que os produtores independentes. O grande apelo da companhia eram os faroestes, que contavam com um elenco eficiente de artistas tais como John Wayne, Gene Autry, Rex Allen e Roy Rogers, reconhecidos como os astros do estúdio. A partir da segunda metade dos anos de 1940, Yates conseguiu realizar filmes de melhor qualidade e orçamentos maiores: The Quiet Man, Sands of Iwo Jima, Johnny Guitar e The Maverick Queen.[6]
Desde 1941 a Republic contava em seus filmes com Vera Hruba Ralston, uma patinadora olímpica tcheca contratada inicialmente para competir com a bem-sucedida atriz Sonja Henie, e que conseguiu conquistar Yates e se tornar a sua segunda esposa em 1949[7]. Yates tentou lançá-la como atriz dramática, colocando-a em parceria com importantes atores e promovendo-a como a "mulher mais bonita do cinema", mas o charme dela se perderia em meio aos inúmeros filmes que estrelara. John Wayne, anos mais tarde, teria dito que deixara a Republic em 1952 por não concordar em fazer outro filme com a atriz - ele já participara de dois. Não obstante, Yates continuou como seu defensor e Vera Ralston apareceria nos filmes até a última produção da Republic.[8]
A maioria dos filmes da Republic foi feita em preto-e-branco. The Red Pony (1949) e The Quiet Man (1952), que contaram com um orçamento maior, foram feitos em Technicolor. Nos anos de 1940 e 1950, Yates utilizara o menos custoso Trucolor, como em Johnny Guitar (1954), The Last Command e Magic Fire (1956).[6]
Com o aumento dos custos de produção, Yates classificaria suas produções em quatro categorias: "Jubilee", geralmente um faroeste filmado em sete dias a um custo de $50.000, "Anniversary", filmado em quatorze ou quinze dias, na faixa de $175.000 e $200.000, "Deluxe" que eram os principais filmes, com orçamento em torno de $500.000; e "Premiere", com diretores que não eram do estúdio e podiam assumir produções de 1 milhão de dolares.[9]. Havia produções independentes que eram assumidas pela Republic para a distribuição.
A Republic foi um dos primeiros estúdios de Hollywood a oferecer suas produções cinematográficas para exibição em televisão. Em 1951 a Republic organizou a subsidiária Hollywood Television Service, para negociar os direitos dos filmes, geralmente faroestes e ação e suspense. A Hollywood Television Service produziu programas de televisão no mesmo estilo dos filmes e seriados da Republic, como The Adventures of Fu Manchu (1956). Embora a Republic se mostrasse bem adaptada para produzir séries de TV, faltou-lhe capital e visão empresarial que lhe permitissem prosperar. Durante esse período a Republic produziu Commando Cody: Sky Marshal of the Universe, uma produção que conseguiu ser vendida como seriado de 12 partes para a NBC. A MCA (organizada em 1952) passou a exercer forte influência nos estúdios, pois trazia grandes investidores para os filmes.[10]
Com o declínio da demanda dos filmes B, a Republic começou a diminuir o ritmo das produções: de 40 filmes anuais no início dos anos de 1950, ela passou para dezoito em 1957. Em 1958, Herbert Yates informou a seus acionistas que a produção estava terminada; os escritórios de distribuição seriam fechados no ano seguinte. No início dos anos de 1960, a Republic vendeu seu acervo de filmes para a National Telefilm Associates (NTA). Tendo alugado os estúdios para produção de séries por anos, a CBS comprou-os da Republic; hoje eles são conhecidos como CBS Studio Center. Em 2006 eles se tornaram a sede das redes de Los Angeles, KCBS-TV e KCAL-TV.[11][12]
A principal empresa do grupo, a Republic Corporation, sobreviveu alguns anos assumindo outros negócios de Yates, inclusive os laboratórios da Consolidated Film Laboratories e industrias de fabricação de eletro-domésticos.
No início dos anos de 1980, a NTA redistribuiu a maior parte da cinemateca da Republic para uso na nascente televisão a cabo e em 1986 organizou-se como produtora e comprou o nome e o logotipo da Republic Pictures. A unidade produtora de TV preparou para a CBS as séries Beauty and the Beast e o programa de jogos Press Your Luck (os direitos das séries posteriores foram revertidos para a FremantleMedia). Foram feitos alguns poucos filmes incluindo Freeway, Ruby in Paradise e Bound.[13]
Comprada pela Spelling Entertainment de Aaron Spelling, a Republic venceu uma disputa de renovação dos direitos autorais do filme de 1946 da RKO de Frank Capra It's a Wonderful Life; (com a NTA já haviam sido adquiridos os negativos, trilha sonora e a história original, "The Greatest Gift").[14]
Pouco depois, Spelling consolidou suas muitas divisões e reduziu a Republic Pictures para uma marca comercial. A divisão de vídeos Republic terminou em 1995, sendo alugado o seu acervo para a Artisan Entertainment, enquanto a cinemateca continuou a ser comercializada sob o nome de Republic, com o mesmo logotipo. Ao fim da década, a Viacom comprou a parte de Spelling, tornando-a uma divisão da Paramount. A Artisan (mais tarde vendida a Lions Gate Home Entertainment), continuou com o nome e o logotipo da Republic enquanto a cinemateca foi licenciada para a Paramount.[carece de fontes?]
A Republic Pictures possui um catálogo de 3.000 filmes e séries de TV, incluindo a original cinemateca da Republic (exceto os catálogos de Roy Rogers e Gene Autry) e o da Worldvision Enterprises, inclusive o catálogo pré-1973 da NBC (que conta com Bonanza e Little House on the Prairie). Outros títulos são: (The Fugitive, The Streets of San Francisco, High Noon e Copacabana) e catálogo da NTA (desenhos Fleischer, It's a Wonderful Life, etc.) e os direitos internacionais da antologia de horror de 1982 Creepshow (a Warner Bros. Pictures detém os direitos locais).
Em 2008, a Republic permanece como nome da companhia distribuidora da Paramount Motion Pictures Group, uma divisão da Viacom.[15]
Os direitos de vídeo dos filmes da Republic estão divididos: a Universal Studios Home Entertainment é proprietária dos direitos no Reino Unido, enquanto a Paramount é a distribuidora para América Latina e Austrália.[16]
A partir de 2023 a Paramount Global anunciou que iria reviver a marca Republic Pictures, com a intenção de servir como o selo de aquisições da empresa, lançando títulos adquiridos pela Paramount Global Content Distribution , semelhante ao modelo de distribuição de, entre outras empresas, Stage 6 Filmes ou American International Pictures .