Morte de Nahel MerzoukA morte de Nahel Merzouk, um jovem francês de 17 anos de idade, de ascendência argelina e marroquina, deu-se em 27 de Junho de 2023 cerca das nove horas da manhã em Nanterre, quando após uma perseguição da viatura de alta cilindrada que conduzia a alta velocidade e sem documentos na faixa exclusiva para autocarros foi alvejado a curta distância por um policial após uma recusa de paragem.[1][2][3] A polícia alega legítima defesa. Um vídeo veiculado nas redes sociais mostra os polícias ao lado da viatura, uma Mercedes AMG amarela, conduzida por Merzouk: um deles disparou, em desequilíbrio, quando este arrancou abruptamente, sendo projetado contra um muro.[2][4] Na viatura seguiam também dois passageiros menores. O do banco de trás foi preso ao sair do automóvel e o outro fugiu.[1][5] A morte do jovem ao volante de um carro desportivo de matrícula polaca traz para a ribalta o problema do tráfico de potentes carros estrangeiros, que oferecem impunidade aos seus condutores de um dia. Este veículo tinha sido alugado em Nanterre na véspera dos acontecimentos e emprestado a vários jovens do bairro antes de estar nas mãos de Nahel, indicou uma fonte policial[6] ![]() O policial responsável pelo disparo fatal, foi indiciado por homicídio doloso e colocado em prisão preventiva em 29 de junho de 2023.[2] A mãe de Merzouk acusa-o diretamente: "Ele viu uma cara árabe, um menino, e quis matá-lo".[4] O policial justificou o seu disparo "pelo desejo de impedir que o veículo voltasse a fugir, pelo comportamento perigoso do condutor na estrada, (…) o receio de ser atropelado ou de ser atingido pelo veículo". No entanto, o Ministério Público considerou que "não estavam reunidas as condições legais para a utilização da arma". [1] Muitos distúrbios ocorrem em todo o país nos dias seguintes: protestos, saques e motins generalizados em que foram atacados símbolos do Estado, como câmaras municipais, escolas, bibliotecas e esquadras de polícia, bem como outros edifícios, tais como restaurantes e supermercados, e incendiados carros e caixotes do lixo. [2][7][8] ![]() Os manifestantes escreveram frases como "Vamos fazer uma Shoah" nas paredes do Memorial des Martyrs de la Déportation et de la Résistance em Nanterre, um memorial do Holocausto. [9] Na noite de 2 de julho foi atacada a casa do prefeito de L'Haÿ-les-Roses, Vincent Jeanbrun. Depois de arrombarem o portão da propriedade com um carro incendiaram a casa, e a esposa de Jeanbrun e dois filhos foram alvejados com fogos de artifício enquanto fugiam. [10] ContextoEm Outubro de 2016, por volta das 15h00, dois carros da polícia estavam colocados em observação num cruzamento em Viry-Châtillon, conhecido por inúmeros ataques. Cerca de vinte jovens, ao que tudo indica todos menores, atacaram os veículos com barras de ferro e pedras, e depois lançaram cocktails Molotov para os ocupantes no seu interior. Uma policial e um assistente de segurança ficaram gravemente queimados.[11] Na sequência do caso dos polícias queimados em Viry-Châtillon, a lei sobre a utilização de armas de fogo pelos polícias foi alterada em Fevereiro de 2017, autorizando-os a disparar contra um veículo "cujos ocupantes sejam susceptíveis, na sua fuga, de causar danos à sua vida ou integridade física ou à de outros", quando anteriormente tinham de estar em situação de legítima defesa para poderem utilizar as suas armas.[12][13][14] A vítima![]() Nahel Merzouk era um adolescente de 17 anos e vivia com sua mãe.[15] Estava inscrito no Liceu Louis-Blériot em Suresnes, onde frequentou as aulas durante seis meses, tendo depois deixado de ir à escola. Merzouk trabalhava como entregador de pizas em Nanterre.[16][17] Não conhecia o pai, que deixou a mãe antes do nascimento de Merzouk. [18] Era conhecido da polícia, nomeadamente por resistência a ordens, tendo sido acusado disso mesmo no fim de semana anterior aos acontecimentos finais [19] e cinco vezes desde 2021.[20] O seu processo judicial incluía 15 incidentes registados, incluindo receptação, uso de chapas de matrícula falsas, a condução sem seguro, venda e consumo de drogas e resistência à prisão. [20] Em 1 de julho de 2023, Merzouk foi sepultado no parque do cemitério de Mont-Valérien, na secção muçulmana de Nanterre.[21] Ver tambémReferências
Bibliografia
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